terça-feira, 27 de novembro de 2012

Crafter, o artesão do Século XXI

Segue abaixo uma reportagem do site Valor Econômico que fala um pouco do tipo de artesãs que somos, super bacana, vale a pena ler.








"Crafter", o artesão do século XXI

Por Juliana Mariz | De São Paulo
Silvia Costanti/Valor
Carlos Curioni, da Elo 7: 'O artesanato está atrelado à economia criativa. Queremos fomentar a formação dos artesãos'
Artesã há sete anos, a mineira Luciana Cottini montou seu atelier em uma estação de trem do século XX em São Lourenço (MG), cidade onde mora. Pela manhã ela atende os clientes por e-mail, despacha encomendas, resolve pendências burocráticas. A partir do meio-dia, "pilota" o tear herdado da mãe. Ainda tem tempo para fazer cursos on-line de finanças, administração e marketing. Ela vende seus produtos em um site especializado em artesanato, onde publica fotos bem feitas das peças de sua marca, batizada de Lucotinha. Formada em design e publicidade, Luciana é uma perfeita representante da geração "crafter", nome dado aos artesãos do século XXI. "Com o aumento das vendas, senti necessidade de me organizar melhor, me profissionalizar. Somos três pessoas fazendo as peças, eu gerencio a marca e não deixo nenhum e-mail sem resposta", conta.
Produtos feitos à mão com qualidade, boa apresentação e atendimento eficiente são requisitos fundamentais para entrar nesse "clubinho". A era do artesanato 2.0 foi inaugurada graças à internet. "A web é a grande aliada. Esse movimento aconteceu há cerca de cinco anos e caminha junto a um resgate do trabalho manual e à vontade das pessoas de terem seu próprio negócio. Os artesãos passaram a trocar informações em comunidades e, com o aumento da demanda, estão se profissionalizando cada vez mais. Querem saber como fotografar o produto e ter informações sobre gestão de marcas", conta Andrea Onishi, publicitária, fundadora do site Super Ziper, que dissemina a cultura "crafter" pelo país.
A reinvenção do artesanato acabou influenciando uma cadeia de negócios. Em março de 2008 foi lançado o Elo 7, e-commerce que reúne artesãos do Brasil todo. São 85 mil criadores cadastrados, 7,6 milhões de visitas por mês e 60 milhões de pageviews. No shopping virtual, cada vendedor tem sua "loja". Por esse espaço cobra-se uma anuidade, mas, em contrapartida, a empresa se responsabiliza pelo processo de pagamento e pela infra-estrutura tecnológica. "O artesanato está atrelado à economia criativa. Queremos fomentar a formação dos artesãos. Para isso disponibilizamos informações e cursos para que eles se preparem para as vendas", afirma Carlos Curioni, CEO da Elo 7, que cresceu 140 % em vendas em 2011 e comprou, em julho, o e-commerce de artesanato argentino Bixti.
Outro e-commerce destinado a esse filão de criadores é o Airu, do grupo Rocket. Com 10 mil lojas e 110 mil produtos, o site não se limita à venda de peças feitas à mão. A bijutorias, artigos de design, mas um espaço dedicado apenas ao artesanato. "O artesão é um empreendedor que precisa de apoio e esse é o nosso objetivo. Fazemos uma curadoria e damos destaques para os produtos melhor apresentados", afirma Jacques Weltman, fundador do Airu.
Esse novo mundo conectado de agulhas e linhas mexeu com empresas estabelecidas no setor. A Singer, que há 160 anos vende máquinas de costuras profissionais e industriais, reformulou esse ano sua estratégia de marketing digital para se aproximar mais dos internautas. "Criamos o blog 'Minha Singer', uma comunidade de ideias na internet, com dicas, passo a passo, vídeos para pessoas apaixonadas por costura. Também marcamos presença nas redes sociais. Nossa página no Facebook entrou no ar esse ano e já alcançou mais de 30 mil fãs", afirma Fabio Massaru Narahara, gerente de marketing da Singer para a América Latina, que espera crescer 20% em vendes esse ano. Segundo Narahara a empresa aumentou também a presença em feiras do setor. "Nossa participação é 30% maior do que o ano passado".
Uma das reclamações mais frequentes dos "crafters" é a dificuldade de comprar aviamentos diversificados, principalmente longe dos grandes centros. Mas o "boom" do handmade mudou também esse cenário. Hoje é possível comprar de dedal a tecidos pela internet. "A indústria se aperfeiçoou. A qualidade dos suprimentos melhorou", atesta Andrea, da Super Ziper.
A distância entre criadores e vendedores de matéria-prima diminuiu para um "enter". A Clickfios é o filho digital da Artfios, tradicional armarinho de São José dos Campos, interior de São Paulo, inaugurado há 21 anos. Os irmãos Renato, Cristiano e Adriano Nunes, filhos do casal fundador, começaram a pensar em um e-commerce da Clickfios ao perceber o interesse das pessoas de outros estados pelos produtos da loja no site institucional da empresa. Durante seis meses eles desenvolveram a plataforma digital, catalogaram 8 mil produtos, estudaram sobre e-commerce até lançar o armarinho virtual em 2008. E ficaram surpresos com o resultado: são comercializados cerca de 2,3 mil itens por mês e 17 mil clientes já estão cadastrados. "Não acreditei quando enviei botões para Manaus. Vendo também muitas máquinas de costura pelo site. Hoje o e-commerce representa 19% do faturamento e é uma prioridade", conta Renato Nunes.


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